Se um dia você quiser deixar um filósofo sem palavras pergunte a ele “o que é o tempo!”. De certo o cérebro dele vai travar. Conceituar o tempo é algo que os maiores pensadores e cientistas ainda não conseguiram de forma satisfatória.
Mas para nós, humildes expectadores do mundo temos nossas versões do tempo, e vou convidar o leitor a pensar sobre algumas delas.
O TEMPO CLIMÁTICO: Atualmente estamos vendo que a “mamãe natureza” está nervosa com o que fizemos com ela. Aqui no Brasil especialmente no Rio Grande do Sul, tufões que nunca experimentamos antes assolam cidades inteiras. Na Líbia, represas não conseguiram suportar o acúmulo de água, cederam, e varreram mais de 10.000 pessoas numa contagem inicial. Na Turquia um terremoto avassalou uma grande região (uma das mais pobres do país) e milhares de mortos são contabilizados. Na Europa e Estados Unidos o calor tem matado pessoas. Foi impressionante ver alguns cervos vencendo o medo dos seres humanos e vindo à sombra em busca de abrigo.
As ações da humanidade contra a natureza está fazendo o tempo climático ficar extremamente severo. Aqui é culpa exclusivamente nossa e precisamos mudar nossos comportamentos. Mudar a natureza a curto prazo de tempo, leva muito tempo para recuperá-la.
TEMPO DE VIDA: recentemente um homem com aparência de 30 anos (ou pouco mais) apareceu ostentando um cartão de estacionamento privativo para idoso. Na verdade aquele jovem tinha completado 60 anos e passou a ter direito a regalia do estacionamento especial. Uma boa alimentação foi a receita que ele deu para o jovial e saldável corpo. Nos Estados Unidos tivemos a informação que um cidadão à busca de uma vida longa tem feito severas intervenções médicas no seu corpo. Segundo consta até mesmo transfusões de sangue com seu filho é um procedimento incluído na sua busca pela longevidade.
Mas quando o governo Francês pretendeu acrescentar dois anos a mais para a aposentadoria por idade, o povo foi às ruas e uma verdadeira revolução se instaurou. Certo que a longevidade que estamos percebendo atualmente será grande problema previdenciário no futuro da economia de muitos países.
TEMPO DE TRABALHO: inicialmente de segunda a sábado. Depois ganhamos parte do sábado. Agora pretendem fazer a semana de quatro dias. A dúvida é se se folga na sexta-feira ou na quarta-feira. A felicidade de poder usar a expressão “sextou” é muita. Parece que o trabalho não é tão agradável como nos obrigaram pensar no passado. Estamos descobrindo a importância do descanso, de estar com a família e de dedicar a si próprio. O trabalho é para a simples sobrevivência. O que importa é estar bem, e parece que não nos sentimos bem no trabalho.
Antigamente trabalhava-se onde queria. E o trabalho por amor não cansa. Hoje trabalha-se onde se ganha dinheiro. Menos amor e mais renda. Daí passamos a contemplar o ócio. O trabalho passa a ser uma forma de sobreviver no capitalismo. É o tempo de ganhar dinheiro e basta!
TEMPO DE ESTUDOS: alguns cursos técnicos levam apenas 2 anos. Uma graduação em direito 5, já a medicina são 6 anos. Mas os estudos não param já que as especializações, pós-graduações, mestrado, doutorado, pós-doutorado levam anos a fio e não tem limites. Mas na modernidade alguns minutos no instagram ou tiktok podem trazer informações em grande escala. Estudávamos para uma colocação no mercado. Mas se for um bom comunicador nem estudar precisa! Fala algumas coisas interessantes (verdadeiras ou não) e já se tem o resultado que antes levariam anos a fio para adquirir.
Hoje não precisamos ler os complexos livros página a página para ter conhecimentos, agora está tudo na internet bem resumido. O banco universitário ficou obsoleto diante da inteligência artificial. Um comunicador do tiktok ou instagram comunica e transmite melhor que muitos professores. Alguns vídeos não tem mais que 4 minutos de tempo.
TEMPO POLÍTICO: outro dia cantávamos “Lula-lá, brilha uma estrela, Lula-lá” e esta musiquinha ficou gravada na nossa cabeça. Isto era 2003. De sindicalista carregado nos braços do povo, foi para os porões da cadeia da polícia federal no maior escândalo de corrupção já visto no Brasil. O tempo passa e ele está aí de novo como liderança. Faz pouco tempo as decisões políticas de Pará de Minas eram assinadas com caneta verde (pergunte a um mais antigo que ele lhe dirá a quem me refiro). Pará de Minas que teve um governador, depois ao tempo do esquecimento, renasceu com um deputado federal e outro estadual velando por nós. Agora já estamos pensando em qual melhor opção para 2024.
Estes 4x4 anos da política são transformados em unidades mínimas e o tempo e reflexo destes tempos nos perseguem sempre. Um voto mal dado pode causar danos que perduram anos e anos a fio.
São muitos tempos que vivemos. E cada tempo, a seu tempo nos toma o tempo da existência. Qual tempo ocupa mais o seu tempo?
Por Ronaldo Galvão