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28/01/2023 às 09:22h

Resultado literários das férias

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EM NOME DE ROMA – Adrian Goldsworty: De tudo que se escreveu sobre Roma, este livro se destaca ao colocar o foco nos personagens mais decisivos do Império Romano: seus generais. Foi através de seu poderio militar que o Império foi criado, se expandiu e se perpetuou no poder. O autor disseca este tema por meio do estudo da trajetória de 15 generais, cada um deles tema de um capítulo: de Cipião Africano, que combinou um aparente misticismo com a determinação implacável, a Júlio César, o aristocrata carismático e agressivo. Observamos em detalhes como cada um desses homens interagiu e controlou o seu exército, com ênfase nos diferentes estágios de cada operação e em como estas decisões impactaram no resultado final das disputas. Ao traçar esta história das batalhas romanas, da ascensão à queda do império, podemos ver de maneira fluente e acessível, a evolução do exército e do sistema político romano. Numa palavra: Grandioso. 557 páginas.

A CAVERNA – José Saramago: Publicado em 2000. Nele disseca-se, através da história de pessoas comuns, o impacto destruidor da nova economia sobre as economias tradicionais e locais. Trata-se da história de uma família de oleiros que vê sua vida transformada com a chegada de um grande centro de compras à cidade. O próprio shopping center pode ser fisicamente comparado a uma caverna, mas a história vai além dessa comparação e traça paralelos inclusive com o mito da caverna de Platão e a questão dos simulacros. Em A caverna, Saramago recobra o mito de Platão para discutir o capitalismo em uma sociedade em que as pessoas tornaram-se apenas profissões, sombras. Numa palavra: iluminador. 359 páginas.

UMA CONFISSÃO – Liev Tolstói: É uma obra autobiográfica trata sobre a luta de Tolstói durante uma crise existencial de meia-idade. Descreve sua busca por respostas à questões filosóficas ligadas à existência de Deus, o significado e o sentido da vida. Nesta obra do peso-pesado da literatura russa, o autor faz um forte confronto sobre suicídio e sobre o alcance da fé. Pessoalmente vejo nesta a mais amadurecida obra do autor. Numa palavra: desconfortante. 127 páginas.

LIVRO DO DESASSOSSEGO – Fernando Pessoa: O narrador das centenas de fragmentos que compõem este livro é o "semi-heterônimo" Bernardo Soares. Ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa, ele escreve sem encadeamento narrativo claro, sem fatos propriamente ditos e sem uma noção de tempo definida. Os temas não deixam de ser adequados a um diário íntimo: a elucidação de estados psíquicos, a descrição das coisas, através dos efeitos que elas exercem sobre a mente, reflexões e devaneios sobre a paixão, a moral, o conhecimento. "Dono do mundo em mim, como de terras que não posso trazer comigo". Seu tom é sempre o de uma intimidade que não encontrará nunca o ponto de repouso. Numa palavra: desorientador. 368 páginas.

PANCHO VILLA – Paco Ignácio Taibo II: Seus métodos de luta, por exemplo, realmente poderiam ter sido estudados por Rommel e Mao Tse Tung, como normalmente se diz, mas só o foram pelo subcomandante Marcos. Também dizem que Pancho Villa era um bêbado, mas poucos sabem que ele mal provou álcool em sua vida e ainda condenou à morte seus oficiais bêbados e destruiu garrafas de bebidas alcoólicas em várias cidades que tomou. Essas são apenas algumas das deliciosas histórias que o autor conta sobre o homem contra quem dispararam 150 tiros na emboscada na qual o mataram e que teve sua cabeça roubada depois de enterrado. O estudo bibliográfico é extenso e sério. Numa palavra: histórico. 847 páginas.

ESTRUTURAS ELEMENTARES DO PARENTESCO – Claude Lévi-Strauss: Editado pela primeira vez em 1949, nela o autor trata o tema do parentesco de forma a desmentir questões muito discutidas no contexto cultural. No primeiro capítulo, o autor desenvolve a ideia de que a cultura não é justa ou superposta à vida. "Existe um comportamento estranho da espécie ao qual o indivíduo possa voltar diante essas coisas." Não há um caráter pré-cultural do homem. A ausência de regra parece ser um bom critério de diferenciação entre natureza e cultura, porém, constância e regularidade existem nas duas. Nesse sentido, o autor define que o caráter da norma pertence à outra pessoa, enquanto que o caráter universal pertence à natureza. Não Existe um mecanismo de articulação ente natureza e cultura. A proibição do incesto é regra (caráter normativo da instituição indica o campo da cultura) de caráter universal (do campo da natureza). Uma obra para mais que ser lida, deve ser estudada. Numa palavra: meditativo. 542 páginas.

Por Ronaldo Galvão

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