De certo o leitor nunca ouviu falar de Henry David Thoreau. De fato é pouco conhecido no Brasil. Nascido em 1817 no estado de Massachusetts nos Estados Unidos da América, por lá mesmo que muitos dedicam a analisar suas obras. Mas ele deixou um legado enorme para a humanidade.
Já naquela época escreveu sobre ecologia e meio-ambiente. Abolicionista e pacifista. Mas com um espírito muito revolucionários, Thoreau sempre foi indignado com o que chamamos de “sistema”, acabou produzindo vários textos que o deixou com a alcunha de “anarquista”. Um bom exemplo disto é o fato de o governo americano ter instituído um imposto (poll tax) para ajudar a financiar a guerra que travava contra o México. Ele se recusou a pagar e acabou sendo preso. Somente foi solto quando uma tia sua pagou a tarifa. Sobre o episódio ele escreveu: “Como eles não podiam me alcançar, eles decidiram punir meu corpo; eles se comportaram como certas crianças que, quando não conseguem chegar a alguém de quem se ressentem, acabam maltratando o cachorro. Eu também entendi que o estado era um idiota, incapaz de distinguir seus amigos de seus inimigos, e assim acabei perdendo todo o respeito que havia deixado por ele. E eu teve pena dele. O Estado, portanto, nunca se mede diretamente com a sensibilidade de um homem, intelectual ou moral, mas apenas com seu corpo, com seus sentidos. Não é dotado de inteligência superior ou honestidade, mas apenas com força física superior.".
Usava palavras duras contra governantes, legisladores e magistrados. Certa vez, a exemplo de uma paródia atribuída ao pensador Arquimedes, ele saiu pelas ruas da cidade com sol forte, mas portanto uma lamparina, como quem clareava o caminho. As pessoas o perguntaram qual seria o motivo de estar com a lanterna se era dia de sol claro, ao que ele respondeu: “procuro por um homem honesto”.
Amante da natureza, escreveu sobre meio-ambiente e ecologia textos que até hoje podem ser empregados para a educação nestas áreas do conhecimento. Preferia ficar com os animais a ter que estar acompanhado de certas pessoas. Mesmo que incipiente à época ele era contra o progresso tecnológico ao argumento que seria a tecnologia um embrião mortal para o consumismo e capitalismo da sociedade americana.
O Thoreau anarquista é o que ficou mais célebre. Ele chegou a dizer que o melhor governo é o que nada governa. Atacava os ricos e poderosos dizendo que estes estariam sempre vendidos ao Estado que o torna rico. Afirmava que quanto mais dinheiro uma pessoa possui, menos virtudes ela haveria deter. Negava a autoridade do Estado em estabelecer tributos, entendendo que era forma de tomar dos pobres o pouco que tinham.
Por várias vezes foi preso por não pagar impostos. Impostos injustos não devem ser pagos. Se imposto é lei, que se viole a lei, escreveu ele.
Outra característica sua era o minimalismo: ''Simplicidade, simplicidade, simplicidade! Digo: Ocupai-vos de dois ou três afazeres, e não de cem ou mil; contai meia dúzia em vez de um milhão e tomai nota das receitas e despesas na ponta do polegar... Simplificar, simplificar. Em vez de três refeições por dia, se preciso for, comer apenas uma; em vez de cem pratos, cinco; e reduzir proporcionalmente as outras coisas...”, afirmou em suas obras.
Thoureau produziu uma centena de pequenos textos que ultrapassaram o tempo e foram lidos por muitas pessoas que, a partir de seus escritos e influenciados pelo seu pensamento proveram ao mundo grandes obras.
Dentre os leitores e influenciados por Henry David Thoureau cito: Leon Tolstói, Mohandas Grandhi, Martin Luther King Jr., Jean-Jacques Rousseau.
O seu escrito mais famoso é facilmente encontrado na internet já que está com “domínio público” e se chama A DESOBEDIÊNCIA CIVIL. Recomendo veementemente aos meus leitores que façam uma pausa de alguns minutos para ler a obra. Tenho certeza que vai ler mais de uma vez, e de certo, tocar sua vida.
Boa leitura.
Por Ronaldo Galvão