26/12/2023 às 10:00h
Passado o Natal, os pais devem aumentar o alerta com os filhos durante as férias. Por curiosidade ou descuido, as crianças podem se envolver em acidentes domésticos com os novos brinquedos deixados pelo Papai Noel. Uma das ocorrências mais comuns dentro de casa é a que envolve “corpos estranhos”: qualquer objeto ou substância ingeridos ou colocados nas narinas ou ouvidos.
Só no Hospital de Pronto Socorro (HPS) João XXIII, em BH, a média é de quatro atendimentos a crianças menores de 5 anos por dia. Foram 1.347 ocorrências de acidentes com corpos estranhos até o último dia 18. Peças menores de brinquedos, moedas e tampas de garrafas são os objetos que mais levam meninos e meninas desta faixa etária ao serviço de emergência.
Médicos alertam para brinquedos infantis que precisam de pilhas para funcionar. Segundo o gerente médico da unidade, Rodrigo Muzzi, as baterias, apesar de normalmente estarem parafusadas e serem mais difíceis de acessar, são potencialmente perigosas.
“Em contato com o suco gástrico, ela gera uma corrente elétrica que pode causar queimaduras nos órgãos internos”. Apesar de a introdução de objetos no nariz e ouvidos gerar menores riscos quando ficam alojados nos orifícios, eles podem ser esquecidos se a criança não avisar aos pais e responsáveis, o que pode acarretar infecções.
O alerta também vale para os alimentos. Grãos, como castanhas, milho de pipoca, feijão cru e amendoim, oferecem um risco maior se aspirados, ou seja, se entrarem nas vias aéreas. O corpo estranho obstrui a entrada e a saída do ar, causando asfixia. Se vai para o pulmão, a gravidade é ainda maior, porque pode causar pneumonia.
“A imaturidade da criança pode fazê-la se engasgar com mais facilidade”, explica o pediatra do HJXXIII, André Marinho.
Segundo o médico, a cozinha é o local mais perigoso da casa. “Alimentos devem estar distantes e em altura segura”, completa. Ele sugere, inclusive, que adultos não manipulem este tipo de alimento perto de crianças muito pequenas.
Ana Júlia Dias, de 4 anos, deu um susto na mãe, a auxiliar de cozinha Ana Paula Dias, de 24 anos. A menina foi transferida de Ouro Preto, onde moram, na região Central de Minas, para a pediatria do João XXIII depois de ser constatado em uma radiografia que ela havia engolido a bateria de um tablet de brinquedo.
“Ela contou para a irmã dela que havia feito isso, mas no começo eu não acreditei. Achei que fosse brincadeira”, revela a mãe. Na mesma noite em que engoliu a peça, Ana Júlia teve muitos vômitos. No dia seguinte, ainda em dúvida sobre o que havia acontecido, Ana Paula enviou a filha para creche, mas à tarde recebeu uma ligação avisando que a criança ainda passava mal.
“Foi aí que a levei à UPA. No raio-x, a bateria aparecia alojada na altura do peito. Era do tamanho de uma moeda de 50 centavos”, detalha.
A transferência aconteceu em questão de horas, e a bateria, que já estava se dissolvendo, foi retirada por meio de endoscopia. “Se não tivessem a tirado a tempo, poderia ter sido pior. Mesmo tendo sido muito rápido, ficou uma pequena lesão local”, relata Ana Paula.
Mais riscos
Os
riscos não estão restritos ao que acontece dentro de casa. A chegada do
verão, com temperaturas acima da média, aumenta a procura por
piscinas, praias e cachoeiras. A brincadeira na água, porém, requer
cautela.
De acordo com a gerente médica e cirurgiã geral do Hospital
João XXIII, Daniela Fóscolo, o primeiro fator com o qual se preocupar
quando a criança está exposta a um calor intenso é a hidratação.
“Ela precisa tomar bastante líquido, porque uma criança desidratada tem maior propensão a sofrer acidentes de maneira geral, inclusive afogamentos”, afirma a profissional.
No ambiente da piscina, além da observação constante dos adultos, os equipamentos de segurança também têm um papel importante. Segundo Daniela, é preciso que as boias sejam adequadas para cada idade.
Com Informações Jornal Hoje em DiaFoto: Espacial FM
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