O deputado estadual Bruno Engler (PL) e o prefeito Fuad Noman (PSD) vão disputar o segundo turno das eleições à Prefeitura de Belo Horizonte, abrindo caminho para a polarização da eleição da capital. Os dois saíram vitoriosos, com 34,38% e 26,54%, respectivamente, no embate contra o deputado estadual e apresentador de televisão Mauro Tramonte (Republicanos), que se manteve praticamente toda a campanha à frente nas pesquisas, mas perdeu fôlego na reta final e ficou em terceiro lugar, com 15,22%.
Com 93,24% das urnas apuradas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou o segundo turno. Ao final da apuração, Engler teve 34,38% dos votos válidos e, Fuad, 26,54%.
Engler moderou o discurso, mas avisou que não abandonaria os princípios conservadores, e não abriu mão também dos padrinhos, além de ostentar uma vice policial militar reformada. Contou com a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em um evento de campanha e teve a ajuda também do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e do senador Cleitinho, esse último do partido de Mauro Tramonte, e também do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, no último dia de campanha.
A seu favor, além de ostentar o maior tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV e dos apoiadores populares numa capital que tem se mostrado conservadora, Engler teve uma postura firme e propositiva em debates e entrevistas e trouxe ideias inovadoras – foi, por exemplo, o primeiro a falar em Inteligência Artificial como uma ferramenta de solução para problemas históricos da cidade – o que não o impediu de responder com firmeza aos raros momentos em que foi incitado especialmente por Rogério Correia (PT), que apostou na polarização como estratégia de campanha no primeiro turno e, sem o apoio efetivo do presidente Lula (PT), não obteve sucesso.
Do outro lado, desconhecido por cerca de 70% da população, o prefeito que tenta a reeleição começou a campanha sem a convicção de parte do próprio partido e viu sua popularidade crescer com o início da propaganda eleitoral gratuita – era dele o segundo maior tempo. Desviou enquanto pode dos ataques do ex-aliado Alexandre Kalil (sem partido) na tentativa de manter na cabeça de parte do eleitorado mais desavisado a ideia de que sua gestão era de continuidade daquela feita pelo bem avaliado ex-gestor, até que Kalil subiu tom e o rompimento, então inevitável, veio com uma resposta bem ao estilo pacato do prefeito: “não falo mais desse moço”.
Alvo natural dos opositores nos debates, Fuad teve dificuldade para responder os adversários nos dois encontros dos quais participou. Mesmo enfrentando um tratamento contra o câncer, mais evidente no início da campanha, manteve uma agenda de rua constante e contou com a popularidade do vice, o vereador e radialista Álvaro Damião (União Brasil), e do deputado estadual Mário Henrique Caixa (PV).
Foi ganhando corpo na disputa, acabou beneficiado pela ausência do presidente Lula na campanha de Rogério, e até recebeu o apoio de dissidentes das campanhas de Duda Salabert (PDT) e do petista, em um movimento em prol do “voto útil” para ter um candidato do campo progressista – ou mais próximo a ele – no segundo turno.
Tramonte, por sua vez, confirmou as previsões de que sua popularidade se ficava no recall de seus 16 anos como apresentador de televisão, que ele havia atingido um teto e que eventualmente se desidrataria.
Com o ex-prefeito Alexandre Kalil muito ativo em sua campanha e seu outro cabo eleitoral, o governador Romeu Zema (Novo), escondido por medo de uma eventual rejeição que poderia atrair, Mauro Tramonte acabou cedendo a dianteira na preferência do eleitorado que talvez tenha rejeitado uma campanha generalista, mais na base do “eu vou cuidar de povo” que em propostas efetivas para a população.
Belo Horizonte mostrou, mais uma vez, que a eleição municipal, independentemente do tamanho da cidade, premia os candidatos mais focados em discutir os problemas do município.
Por JC NoticiasFoto: Espacial FM
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