14/03/2025 às 09:31h
A oficial de Justiça Maria Sueli Sobrinho, de 48 anos, foi agredida por um policial militar durante a entrega de um mandado ao enteado dele no último sábado (8 de março), Dia Internacional da Mulher. Dois dias depois, também em Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte, a biomédica Miqueias Nunes de Oliveira, de 33 anos, foi morta pelo ex-companheiro, que não aceitava o fim do relacionamento. Outros dois casos ocorreram em um intervalo de 24 horas, na quarta-feira (12 de março): uma mãe viu os dois filhos serem raptados pelo ex-companheiro na Vila Leonina, na região Oeste de BH, e o corpo da jovem Clara Maria Venâncio Rodrigues, de 21 anos, foi encontrado enterrado em uma casa no bairro Ouro Preto, na Pampulha. Essas situações de violência ilustram uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que revelou que uma a cada cinco mulheres de 18 anos ou mais já vivenciaram algum episódio de violência nos últimos 12 meses.
Para além das dores físicas, como aquelas sentidas por Maria Sueli, e a perda da vida que deixou um sofrimento irreversível para os amigos e familiares de Miqueias e Clara Maria, a pesquisadora da UFMG e médica Nádia de Machado Vasconcelos analisou outros traumas deixados pela violência nas vítimas. Conforme a tese de doutorado, mulheres que convivem cronicamente com a violência têm maior risco de desenvolver problemas de saúde como cefaleia, dores abdominais e lombares, distúrbios do sono, fibromialgia e síndrome do intestino irritável, e ainda ansiedade, depressão e inclinação para o uso abusivo de drogas. E a estatística da violência doméstica em Minas Gerais só cresce: o número de casos passou de 141.582 em 2022 para 153.599 em 2024. Com relação ao feminicídio, entre janeiro de 2022 e o primeiro mês deste ano, 535 mulheres foram vítimas do crime e outras 627 quase perderam a vida.
“Notou-se que as mulheres que sofrem com as violências psicológica, física e sexual, podem desenvolver depressão, ansiedade, fazer consumo de drogas, bebidas e desenvolver pensamentos autodestrutivos. Além disso, por meio dos abusos sexuais, elas podem contrair algum tipo de doença sexualmente transmissível, HIV e até mesmo possuem maior risco de aborto. O que isso quer dizer? Que mulheres que sofrem violências físicas ou sexuais elas têm um menor controle sobre o tipo de sexo que elas praticam, então elas estão mais expostas ao sexo inseguro”, explica a médica.
Seis dias após ser brutalmente golpeada no rosto por um sargento da Polícia Militar, padrasto do jovem a quem entregaria um mandado, a fratura no nariz da oficial de Justiça Maria Sueli Sobrinho é o menor de seus problemas. Ela foi surpreendida por um estranho e passou a lidar com uma versão de si mesma até então desconhecida: a de vítima de violência de gênero. “Fico rememorando os fatos. Para que fui até o meu carro? Eu deveria ter saído do local quando o policial se exaltou, mas não imaginei que uma violência tão horrível pudesse acontecer comigo. O sentimento é de vergonha, de culpa. Antes, quando ouvia as mulheres falarem dessa culpa, eu não entendia. Agora, eu sei”, desabafa, com a voz embargada.
Maria Sueli já percebe os primeiros sinais do trauma: diariamente, sente dor de cabeça, febre e chega a vomitar. Apesar do desejo de retomar uma possível normalidade, ela agendou atendimento psicológico para não carregar sozinha o peso da agressão. “Meu corpo tem me mostrado que preciso parar. Faço um esforço mental para dizer que estou bem, tenho dificuldade em me mostrar vulnerável, em aceitar minhas fraquezas, mas não vai dar. Eu não estou bem e não sei como serão os próximos dias. Se conseguirei trabalhar ou se vou paralisar diante de qualquer reação hostil. Vou pedir ajuda psicológica”, afirma, determinada a minimizar as sequelas da violência.Com informações O TEMPO
foto: Espacial FM
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