03/02/2023 às 09:27h
Depois de 50 mil anos, quando o nosso planeta ainda era habitado pelos neandertais, o cometa C/2022 E3 (ZTF) se aproximou novamente do planeta Terra nessa quarta-feira (1º) e está visível a olho nu.
Ele foi descoberto em março do ano passado, pelo programa ZWicky Transient Facility (ZTF), que opera o telescópio Samuel-Oschin, na Califórnia.
De acordo com Ted Leandro, pesquisador doutor no Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), por enquanto o cometa, de cor esverdeada, só pode ser visto no Hemisfério Norte - em países como Estados Unidos, Canadá, Europa, Reino Unido e Rússia-, e na região Norte do Brasil.
“O dia ideal é a próxima segunda-feira (6), data em que será possível observar o cometa em Minas Gerais. Porém, o brilho já estará mais enfraquecido, e é recomendado o uso de binóculos ou telescópios para uma melhor observação”, explica.
Além disso, é preciso estar em locais escuros, afastados da cidade e com boa condição climática - sem chuvas, por exemplo.
“Uma boa estratégia para encontrar o cometa é, por volta das 20h, procurar a constelação de Três Marias (que é a constelação de Órion) e olhar um pouco para baixo, até achar uma luz brilhante e vermelha, que é Marte. Aí é só descer um pouquinho mais o olhar e virar um pouco para a direita. O cometa estará lá”, orienta.
Segundo o pesquisador, o cometa ainda estará visível até o começo da segunda quinzena de fevereiro. Porém, o brilho vai enfraquecer cada vez mais e a observação só será possível com binóculos, lunetas ou telescópios.
“É um fenômeno raro e muito legal, mas é preciso baixar as expectativas e ter em mente que, quando o cometa passar pelo Hemisfério Norte, ele terá magnitude de 5.4, que já é bem fraco de ver”, diz.
Quando passar pelo Hemisfério Sul, já vai chegar com 6.1. “Isso faz muita diferença, pois o limite de observação do olho humano é por volta de 6 em magnitude. Na astronomia, quanto maior o valor da magnitude, menos brilhante se torna o objeto. Assim, é recomendável ir para lugares escuros para ficar mais fácil de ver o fenômeno”, orienta.
Quem não tiver a oportunidade de ver o fenômeno, poderá acompanhar uma transmissão ao vivo nas redes sociais do LNA no dia 11, a partir das 19h30.
Que nome é esse?
De acordo com o estudioso, quem define a nomenclatura de planetas, cometas e afins é a União Astronômica Internacional (UAI).
“No caso do C/2022 E3 (ZTF), a letra C significa que trata-se de um cometa não periódico. Ou seja, que demoram acima de 200 anos para serem vistos novamente (o cometa Halley por exemplo é um cometa periódico pois é possível vê-lo a cada 76 anos). O 2022 é o ano da descoberta, a letra E significa que ele foi descoberto na primeira quinzena de março e o 3 indica que foi a terceira descoberta do mês do centro de pesquisa”, explica.
Já as letras ZTF são uma referência a Zwicky Transient Facility (ZTF), que opera o telescópio Samuel-Oschin, na Califórnia.
Próximo, mas quanto?
Quando falamos que o cometa estará próximo da Terra após 50 mil anos, fica difícil imaginar a distância exata em que o cometa estará de nós.
“É óbvio que não é a noção de perto que nós temos. Mas, para fins comparativos, o Sol está a 150 milhões de km da Terra. No dia 1º, o cometa estará a 42 milhões de km da Terra”, diz.
E a cor verde?
De acordo com o cientista, o cometa é composto por diversos elementos gasosos como amônia, metano e moléculas de carbono.
“Quando o cometa se aproxima do Sol, o vento solar faz com que uma parte do cometa se desprenda e fique iluminada pelo Sol. É o que chamamos de cauda. A cor verde é causada em maior parte pela presença de moléculas de carbono diatômico (C2) na parte do cometa que chamados de ‘coma’ que, por conta da radiação ultravioleta do Sol, emitem uma boa parcela de luz na cor verde”, afirma.
Fonte: Hoje em Dia
Foto: YouTube/The Virtual Telescope Project/Reprodução