No topo do ranking de Estados que mais registraram pontos críticos em estradas pavimentadas do país em 2024 – foram 338 nos 15,5 mil km analisados pela Pesquisa CNT de Rodovias –, Minas Gerais passará por uma nova rodada de concessões rodoviárias em 2025, com ao menos seis pregões previstos até o fim do ano. Somente o governo estadual prevê licitar cinco lotes. Com isso, se os leilões forem bem-sucedidos, as vias estaduais geridas pela iniciativa privada vão mais que dobrar até dezembro, saltando dos atuais 2.350 km de extensão para 5.147 km.
Já a União também espera concluir, em 30 de abril, a relicitação da BR-040, entre Juiz de Fora (Zona da Mata) e o Rio de Janeiro. A fração da rodovia que passa pelo território mineiro tem cerca de 55 km. Com isso, os leilões estaduais e o pregão federal devem ampliar em quase 3.000 km a extensão de rodovias concedidas ao setor privado em Minas, com investimentos que, somados, podem chegar a R$ 38 bilhões em 30 anos.
A nova onda de concessões ocorre após Minas ficar no topo da lista de Estados com mais rodovias leiloadas pelo governo federal em 2024: BR-381 (BH/Governador Valadares), BR-262 (Betim/Uberaba) e dois lotes da BR-040 (BH/Juiz de Fora e BH/Cristalina). Com exceção da BR-381, que teve contrato assinado no dia 22 de janeiro, o início das obras nos demais trechos federais depende da assinatura da documentação.
No caso dos trechos federais, os leilões ocorreram após a União fracassar nas tentativas anteriores. As BRs 262 e 040 foram relicitadas porque as vencedoras de outros pregões desistiram dos contratos. Já na BR-381, a concessão deve pôr fim à sequência de pregões fracassados nos governos Dilma (2014), Bolsonaro (2022) e Lula (2023).
Entre as rodovias sob gestão estadual a serem leiloadas, há trechos considerados críticos, como a BR-356 (Nova Lima a Mariana). Sinuosa e com grande fluxo de veículos de carga, a estrada registrou 509 acidentes e sete mortes entre janeiro e novembro de 2024, conforme o Observatório de Segurança Pública.
O plano é duplicar 67 km da rodovia e construir 39,7 km de faixas adicionais. Para isso, o governo vai disponibilizar R$ 2 bilhões do acordo de repactuação pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, enquanto R$ 3 bilhões serão aportados pela empresa que arrematar o lote – que inclui trechos da MG-262 e MG-329.
Especialista em transporte e trânsito, o engenheiro Márcio Aguiar avalia como positiva a programação de novas concessões rodoviárias, mas pondera que será necessário monitoramento constante para garantir a execução de obras no prazo estipulado e a qualidade do serviço prestado. “É algo que precisa ser acompanhado com muita atenção. É fundamental haver fiscalização rigorosa para que todos os itens dos contratos sejam cumpridos”, alerta.
Fotp: Espacial FM
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