07/08/2023 às 09:27h
A família de Vanderci de Souza Silva, de 50 anos, que morreu em 4 de julho, no Complexo Penal Público Privado, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, denuncia omissão de socorro por parte da direção da unidade.
A Itatiaia teve acesso a imagens exclusivas que mostram os detentos deixando Vanderci agonizando em uma área conhecida como gaiola — espaço intermediário entre a ala dos presos e o local onde ficam os monitores da PPP — já que lá não são policiais penais que atuam e sim monitores.
Por volta de 1h34, o vídeo mostra o preso passando mal e sendo colocado em cima de um pallet pelos colegas detentos. Assim que os outros presos saem, ele cai no concreto pelo fato de estar se contorcendo.
Enquanto Vanderci está agonizando, os monitores abrem a porta, observam e determinam que os detentos voltem com um cobertor. Os monitores então voltam para gaiola e deixam uma cadeira de rodas lá. Ao invés de os monitores colocarem o detento na cadeira, eles saem do espaço novamente e determinam que os detentos posicionem Vanderci.
À 1h39, um preso começa a levar Vanderci na cadeira de rodas até a enfermaria da unidade prisional. Durante todo esse período, nenhum monitor encostou no detento que estava passando mal.
'Cenas de agonia'
Gregório Andrade, um dos advogados que representa a família de Vanderci, acompanha o caso. "As cenas que a gente vê são cenas de agonia, de terror, de descaso, de falta de amor ao próximo. Eu lido (com essa situação) como uma omissão dolosa, uma omissão intencional, um homicídio dentro do sistema prisional", disse.
Ele aponta falha do estado. "A gente está falando de um sistema que entrou para poder dizer que ia ser diferente. O que posso dizer é o seguinte: nesse jogo de empurra-empurra, entre estado e PPP, uma ser humano agonizou pelo menos três horas", acrescentou.
O que diz o Governo de Minas
Em nota, a Sejusp informa que Vanderci teve registro de entrada no Complexo Penal Público Privado, em Ribeirão das Neves, no dia 20 de dezembro de 2019. Desde sua admissão na unidade, teve acompanhamento médico por ser hipertenso, dentre outras comorbidades.
“Foram 38 atendimentos de saúde, entre médicos, psicológicos e odontológicos — sem contar encaminhamentos para vacinação — durante o período em que esteve sob custódia da unidade prisional”, informou.
A nota explica ainda que no dia 2 de julho, ele passou mal sendo levado a um Hospital da rede pública onde foi diagnosticado com infarto agudo no miocárdio não especificado. Porém, no dia 4, o preso retornou ao setor de saúde queixando-se dos mesmos sintomas.
A nota afirma que, imediatamente, ele foi encaminhado a um hospital da rede pública, no qual foi internado para procedimentos cabíveis. Entretanto, após ser medicado e passar por procedimentos, foi a óbito na unidade hospitalar, na manhã do dia 5 de julho.
“Esclarecemos que no Complexo Penal Público Privado, todo o contato direto com os detentos é feito por monitores contratados pelo parceiro privado e não por policiais penais. Informamos que foi aberto pela direção do complexo um procedimento de investigação interna para apurar administrativamente as circunstâncias do ocorrido”, disse.
Fonte: Rádio Itatiaia
Foto: Rádio Espacial FM / AdobeStock
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