Com as redes sociais mais presentes na vida de todos, os influenciadores digitais se tornaram quase onipresentes para quem consome conteúdo nessas plataformas. A profissão, que só no Brasil tem cerca de 13 milhões de pessoas, segundo a pesquisa mais recente da consultoria Nielsen, realizada em 2022, tem o estigma de ser associada a conteúdos superficiais, realidade que não é para todos.
Em meio aos infinitos vídeos postados diariamente nas redes, algumas pessoas fizeram do espaço um ambiente mais inspirador e positivo. Seja por uma mensagem para estimular alguém a fazer uma atividade física, ou para mostrar que dá para viver bem com uma deficiência ou para confirmar ser possível vencer grandes doenças, muitos influenciadores têm mudado a realidade de seguidores.
Tayane Fullin, de 33 anos, é exemplo disso. Surda desde que nasceu, ela já leu frases maldosas como “tão linda, pena que é surda” ou “sua voz é igual à do Pernalonga”. No entanto, a influenciadora virou o jogo e resolveu fazer das críticas um conteúdo leve, para combater o preconceito. “Eu respondo com vídeo de humor, e os seguidores amam, foi com isso que eu cresci”, conta.
A primeira vez que Tayane falou sobre a surdez no Instagram foi em fevereiro de 2023, quando ela tinha menos de 2.000 seguidores. Hoje, ela já é acompanhada por 265 mil pessoas. Com vergonha da sua forma de falar, ela não tinha o hábito de postar vídeos. No entanto, foi justamente ao desabafar sobre essa dificuldade nas redes que Tayane percebeu que havia pessoas que poderiam se identificar com sua história.
“Mesmo muito envergonhada, percebi que tinha conseguido ajudar algumas pessoas, seja na aceitação como deficiente auditiva ou na aceitação da voz. Eu fiquei tão feliz. Foi como descobrir uma nova maneira de viver. Fui vendo que a minha responsabilidade aumentou, pois comecei a receber mensagens das mães de filhos surdos falando que estou ajudando muito. Ajudar pessoas me faz tão bem, e isso não tem preço”, afirma.
País
O que a professora Lorena Tárcia, do curso de comunicação do UniBH, explica é que pessoas que inspiram e influenciam outras sempre existiram. A diferença é que, antes, a influência dessas personalidades tinha uma limitação geográfica. Mas, de 2015 em diante, os influenciadores ganharam espaço com as redes sociais, o que aproximou públicos com interesses em comum, formando comunidades e, assim, dando mais espaço aos influenciadores, em uma relação mais próxima e de troca com o público. Com isso eles ganharam mais visibilidade.
“A gente sempre teve na igreja, na família ou no ambiente escolar aquelas pessoas que se destacavam e influenciavam as outras. As redes sociais vão permitir justamente quebrar essas barreiras da localização”, analisa.
Muitas vozes
Um avanço das redes sociais é a diversidade de perfis de quem produz conteúdo. Além de contribuir para a redução de preconceitos, a variedade ajuda a dar diferentes perspectivas sobre um assunto. “Você vê o pós-doutor falando sobre economia e também a dona de casa que fala sobre economia doméstica. Tem espaço para os dois perfis, e são visões complementares”, afirma a professora de marketing digital Juliana Brandão.
Autoestima
Em 2012, Ana Luiza Palhares, hoje com 29 anos, criou o blog Cinderela de Mentira. No Instagram, ela acumula mais de 200 mil seguidores. “Meu conteúdo é de autoestima e de moda plus size. Quem está lá quer ver a realidade, quer ver uma mulher real, com um corpo real, com uma vida real, sendo feliz, sendo triste, tendo dias de luta e dias de glória”, afirma. Ela acredita que, para o efeito da rede social ser positivo, só depende de quem usa.
Ranking
Os 13 milhões de influenciadores do Brasil deixam o país como o 2º do mundo em número de influencers, atrás apenas dos EUA, com 14,5 milhões, conforme a Nielsen, que considera perfis com mais de mil seguidores.
Para se ter uma ideia, o Brasil tem 1,4 milhão de advogados, conforme a OAB; 514 mil médicos, segundo a Associação Médica Brasileira; e 2,5 milhões de professores, dado do MEC.
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