Durante a adolescência, a autônoma Katiane Souza, hoje com 36 anos, deixou de frequentar a escola para poder trabalhar. Essa foi a alternativa encontrada por ela, a filha mais velha de cinco irmãos, para ajudar a sua mãe a sustentar sua família. Uma decisão que também foi tomada pelo seu primeiro filho, o autônomo Caíque Silva, de 21, quando ainda tinha 17 anos. Ele abandonou os estudos, em 2019, para poder trabalhar e conseguir ajudar a mãe, além de garantir alimentação para os seus quatro irmãos. “Ninguém quer que o filho não estude, jamais pedi para ele sair. Mas foi a única oportunidade que ele encontrou para me ajudar a colocar comida na mesa”, relata Katiane.
Histórias como a de Katiane e de Caíque se repetem nas escolas estaduais de Minas Gerais. Nos últimos dez anos, conforme o Censo Escolar, feito pelo Ministério da Educação, o número de alunos matriculados na rede do Estado diminuiu 23,38%. A quantidade de estudantes no ensino regular, que engloba o ensino fundamental e médio, passou de 1,9 milhão, em 2014, para 1,4 milhão em 2023 — uma redução de mais de 450 mil matrículas, quantidade maior do que a população de 99,5% dos municípios mineiros. Ou seja, apenas quatro cidades em Minas têm população superior a esse número: Belo Horizonte, Uberlândia, Contagem e Juiz de Fora.
“É uma realidade principalmente entre os que têm baixa renda. Eles até buscam aulas noturnas para poder estudar e trabalhar, mas não conseguem conciliar. Quando veem a família passando por aperto (necessidade de alimentação, por exemplo), eles sempre vão priorizar a renda em vez do estudo. O grande problema nessa questão é a falta de política pública”, relata o professor Fábio Militão, que há 15 anos atua na rede estadual de ensino.
Ainda segundo o Censo Escolar, a rede estadual foi a única que teve redução no número de alunos no ensino regular durante a última década (entre 2014 e 2023). Nas unidades de ensino federais que funcionam em Minas Gerais, a quantidade de matrículas passou de 19.989 para 30.482, o que sinaliza um aumento de 52%. A rede privada do Estado também ganhou mais estudantes, de 603 mil para 639 mil (5,89%). Movimento que se repetiu na rede municipal — considerando os números dos 853 municípios mineiros —, que teve uma crescente de 1,6 milhão para 1,7 milhão (4,84%).
A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) reconhece a redução do número de alunos. Embora admita não ter feito nenhum tipo de estudo para identificar os motivos, a pasta aponta como um dos fatores a questão demográfica, considerando o menor nascimento de crianças.Com informações Jornal O Tempo
Foto: Espacial FM
13/01/2025 - Resultados do Enem 2024 serão divulgados nesta segunda-feira
26/12/2024 - Aplicativo sobre de prevenção de desastres já tem 2 mil downloads
12/12/2024 - A cada 10 minutos, 1 motorista desobedece a Lei Seca no Brasil
06/11/2024 - Crimes de trânsito: Minas registra 71 casos por dia na Justiça
07/10/2024 - Eleições: 84,29% dos eleitores de BH decidem não alterar bandeira
29/08/2024 - 9 em cada 10 golpes financeiros são aplicados pelo celular, aponta pesquisa
21/08/2024 - Tendência no TikTok influencia jovens a comprarem menos para serem mais felizes