21/08/2024 às 09:59h
Uma nova tendência no TikTok tem chamado a atenção de especialistas e curiosos. Conhecida como “núcleo do subconsumo”, a prática que vem ganhando força entre os mais jovens desafia a cultura de consumo excessivo frequentemente promovida pelas redes sociais, e que acabou batizada de “ostentação”. Os influenciadores que aderem à nova tendência incentivam os seguidores a adotar um estilo de vida mais simples, focado nos prazeres do dia a dia.
O educador mineiro Rubem Alves (1933-2014) gostava de citar um poema do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, que enumerava causas de felicidade baseadas em pequenas alegrias cotidianas: “de manhã, na modorra debaixo das cobertas, o quentinho do cobertor/ tomar banho, nadar um pouco”. Rubem concluía que era necessário “prestar atenção” a esse tipo de felicidade.
O psicólogo Rodrigo Tavares Mendonça recorre a uma máxima do pensamento minimalista para apontar um caminho saudável, em que a felicidade não dependa, exclusivamente, de bens de consumo: “Gastar mais em experiências do que em objetos”. “Existem pesquisas conduzidas por psicólogos mostrando que a felicidade aparece quando temos experiências significativas e compartilhadas com pessoas com quem criamos uma conexão íntima. Além disso, sabe-se que riqueza ou consumo e status não produzem uma vida mais feliz”, pondera Rodrigo.
O advogado Marcelo Braga, 68, concorda. Ele tem o hábito de repetir uma frase crítica sobre o apelo ao consumo: “A vontade de comprar é maior do que a vontade de ter”. Ou seja, depois de possuir o objeto, a pessoa já “não encontra mais o mesmo prazer”, e retorna àquele ciclo vicioso.
A farmacêutica Anna Carolina Pinheiro, 35, admite que tem dificuldades em aderir à ideia de que “vive melhor quem compra menos”, embora ela constate que o vício em consumo tampouco tem resolvido seus problemas. “É muita publicidade hoje em dia, oferecendo coisas pela internet, e quando aparece uma promoção de um produto que me interessa, aí é que eu compro mesmo, nem que tenha que parcelar no cartão de crédito”, diz Anna Carolina.
Para o psicólogo Rodrigo Mendonça, o segredo para conciliar felicidade e consumo está em uma avaliação pessoal. “O importante não é simplesmente consumir menos, mas consumir o necessário e saber diferenciar o supérfluo do necessário. Em outras palavras, saber o que para cada pessoa é importante e significativo, e não viver uma vida de status, porém cheia de vazio”, avalia.
Rodrigo não tem dúvidas de que “o consumo exagerado é claramente um problema, e pode preencher vazios existenciais que mereciam ser preenchidos com experiências significativas, não com objetos comprados”. Ele, no entanto, não deixa de notar que “precisamos consumir para viver e conviver bem”. “Acontece que, frequentemente, as pessoas acreditam que necessitam de coisas que, na verdade, não necessitam, e gastam seu dinheiro e seu tempo para comprar coisas desnecessárias, que não acrescentam nada em sua vida, não as fazem mais alegres ou felizes”, constata.Com informações O Tempo
Foto: Espacial FM
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