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27/11/2024 às 12:32h

Especialistas debatem impacto da força do pensamento no dia a dia

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O lado esquerdo é responsável pela esperança, prazer, alegria e gratidão, enquanto o direito ativa o medo, a preocupação, a raiva e o pessimismo. É dessa maneira didática que a psicóloga Juliana Alves, especialista em terapia cognitivo-comportamental e psicodiagnóstico adulto e infantil explica como as áreas do cérebro atuam sobre a nossa saúde mental, “moldando nossa experiência emocional e física”.

“Essa diferença é um reflexo do impacto que estes pensamentos têm nas estruturas cerebrais responsáveis pelo processamento das emoções, decisões e respostas fisiológicas”, esclarece Juliana, ao se deter sobre a força que os pensamentos exercem sobre nós. 

O motorista Ademar Santos, de 68 anos, afirma que é importante “nunca pensar negativo, porque dá tudo errado”. “Precisamos manter uma visão positiva, principalmente diante das adversidades”, declara Ademar. A bancária Lilian Pereira, de 34 anos, concorda. “Acredito que quanto mais a gente reclama, mais atrai energia negativa, e o contrário também é verdade, precisamos nos agarrar nas coisas boas para vencer as batalhas do dia a dia”, destaca. 

Segundo a psicóloga Juliana Alves, “a ativação das diferentes áreas do cérebro cria um ciclo entre mente e corpo”. “No que diz respeito aos pensamentos positivos, eles estimulam as emoções e a saúde física, gerando maior energia e disposição para enfrentar os desafios. Já os pensamentos negativos vão estimular um ciclo vicioso que pode intensificar sensações de angústia e criar um impacto duradouro na saúde”, compara a especialista. 

No entanto, de acordo com alguns estudos, já existem técnicas que permitem direcionar o nosso pensamento, incentivando uma postura mais positiva diante da vida. “A plasticidade neural oferece a base científica para a mudança de padrões de pensamentos, tornando possível ‘treinar’ o cérebro para adotar formas mais positivas de pensar”, conta Juliana.

Ela enumera estratégias terapêuticas como a própria terapia cognitivo-comportamental, a atenção plena e a prática de exercícios físicos, como maneiras eficazes de “estimular esse processo”. “A chave está na prática regular e na repetição das novas formas de pensar e reagir”, defende Juliana. A psicóloga Vanessa Teixeira, porém, apresenta um outro ponto de vista.

“Segundo Freud, podemos fazer um contraponto entre uma realidade material e externa com uma realidade subjetiva e interna. Nossos pensamentos refletem, descrevem ou estão relacionados à maneira com que registramos o mundo em nosso psiquismo. Cada um de nós tem um jeito singular de fazer esse registro, que recebe influências inconscientes, do ambiente, da cultura”, diz.

“Desse modo, cada um de nós tem uma visão única do mundo e uma maneira única de organizar a vida mental ou os pensamentos”, complementa Vanessa, para quem quando “expressamos nossos pensamentos, o fazemos por meio de palavras e gestos que tendem a se repetir, traduzindo um pouco nossa marca, nosso jeitão de ser e de nos relacionarmos com os outros e com as coisas do mundo”.

A psicóloga critica “algumas teorias ou técnicas cognitivas que querem insistir que somos senhores de nossos pensamentos e que podemos moldá-los de maneira específica”. “É o tal do mindset, que hoje tem de tudo. Mindset de sucesso, mindset de produtividade, mindset de abundância, como se bastasse a gente acertar as arestas desse pensamento para conseguir o que desejamos”, diz Vanessa, explicitando a divergência.

Fiando-se na psicanálise, ela acredita que não é bem assim. “Não somos tão senhores de nossos pensamentos. Na verdade, não somos senhores de nada. É quase como um cobertor curto. Acertamos de um lado, puxamos e cobrimos um certo modo de pensar, mas falta do outro, que fica curto, desajeitado”, opina Vanessa, que utiliza o exemplo de alguns depoimentos que recebe em seus atendimentos.

“Não é à toa que muitas pessoas chegam na clínica se queixando de que sabem claramente o que precisam fazer, qual rotina precisam adotar para conseguir atingir os objetivos, o que precisam evitar, mas não conseguem fazer isso durar. Algo sempre escapa”, salienta a psicóloga.

Vanessa avalia que esse tipo de conduta “tem causado muita ansiedade e procrastinação, porque a promessa e a propaganda que são difundidas é que o mindset de sucesso é totalmente possível de ser alcançado, e se você ainda não conseguiu é porque está fazendo algo errado”, aponta ela. Mas, para a psicanálise, “o buraco é muito mais embaixo”.

“As durezas da vida não são possíveis de serem evitadas, e tentar driblá-las com mindsets disso ou daquilo pode transmutar uma impossibilidade da vida em sensação de impotência”, alerta a psicóloga, que não nega o fato de existirem pessoas cujos pensamentos “sombrios e pesados contribuírem para uma postura de desistência diante da vida, numa retroalimentação, em que a gente não sabe bem o que veio primeiro, se a postura ou o pensamento dito negativo”, assegura.

Com informações O Tempo 

Foto: Espacial FM 

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