04/09/2024 às 07:38h
O estoque de vacinas monovalentes contra varicela — popularmente conhecida como catapora — evidencia o cenário escassez de imunizantes em Minas Gerais, admitido pelo Ministério da Saúde. Conforme o governo de Minas, há disponíveis 286 doses desse imunizante, que deve ser aplicado aos 4 anos. De 1.409.920 vacinas solicitadas à pasta federal, 50 mil foram entregues, o que representa 3,55% do pedido, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). O restabelecimento, alega o governo federal, está previsto para o primeiro semestre de 2025.
O detalhamento foi apresentado pela SES-MG nessa terça-feira (3 de setembro), após a Associação Mineira dos Municípios (AMM) cobrar explicações do Ministério da Saúde sobre a falta de sete vacinas, sendo uma delas a varicela monovalente. Também estão na lista os seguintes imunizantes: tríplice viral, hepatite A, febre amarela, raiva, meningocócica conjugada grupo C e meningocócica conjugada ACWY.
No caso da vacina monovalente contra varicela, a taxa de imunização é de 74,70%, abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde, que é de 95%. O infectologista Leandro Curi ressalta que a baixa cobertura pode levar ao surto de casos. “É inadmissível a baixa vacinação, porque aumenta a transmissão da doença e a circulação do vírus”, comenta.
Conforme o Ministério da Saúde, a dificuldade de entrega das vacinas contra varicela foi causada pela “produção limitada do imunizante no mercado nacional e internacional”, o que “impede a imediata regularização dos estoques e a plena disponibilidade para os usuários do SUS”. A pasta acrescentou que realizou uma compra emergencial no fim de 2023 e que está em curso o processo de aquisição para a demanda de 2024.
A vacina monovalente não é a única prevista no Programa Nacional de Imunização contra a varicela. Também é aplicada a tetra viral, aos 15 meses, que protege, além da catapora, contra sarampo, caxumba e rubéola. Os indicadores desse imunizante estão adequados, próximo dos 100%, conforme a SES-MG. A vacina monovalente, cujo estoque é baixo, entra como reforço, aplicado aos 4 anos em dose única.Da lista das sete vacinas com estoque baixo em Minas Gerais, a vacina antirrábica humana apresenta o segundo menor número de estoque, com 310 vacinas, atrás apenas da varicela, conforme a SES-MG. Das 140.500 doses solicitadas, Minas Gerais recebeu 102.050. O infectologista Leandro Curi reforça a importância do imunizante estar disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
“A vacina antirrábica não tem distribuição universal. Veterinários, biólogos e pessoas que têm acidentes com animais suspeitos de raiva têm indicação clara de vacinação. Quando temos um estoque baixo, preocupa. A vacina deve ser destinada a quem realmente precisa. A raiva é uma doença séria, que pode levar à morte ou deixar sequelas. A ausência da vacina coloca em risco seres humanos expostos”, explica.
Com relação à vacina antirrábica humana, o Ministério da Saúde afirmou que o contrato de aquisição dos imunizantes já “está assinado e as entregas estão sendo executadas pelo fornecedor”. “Há o planejamento de distribuição imediata das doses ainda esta semana, se houver liberação positiva pelo Instituto de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz)”, garante.O Ministério da Saúde reconheceu que a vacina meningocócica conjugada grupo C (Meningo C) está em situação de desabastecimento devido a problemas com o fornecedor. Além disso, a vacina meningocócica conjugada ACWY, que tem sido utilizada para substituir a Meningo C, também teve sua demanda aumentada, o que complicou ainda mais a situação.
O ministério também informou que houve atraso na distribuição das vacinas contra hepatite A e febre amarela devido a problemas de controle de qualidade. Para a febre amarela, uma aquisição emergencial internacional está em andamento, com previsão de normalização dos estoques até dezembro de 2024.
A vacina contra a raiva, segundo o ministério, já está sendo distribuída após a assinatura do contrato com o fornecedor, aguardando apenas a liberação pelo Instituto de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).
No caso da vacina contra varicela, a escassez foi atribuída a obstáculos regulatórios e de fabricação. Uma compra emergencial foi realizada no final de 2023 por meio do Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), com entregas previstas para os próximos meses. No entanto, o reabastecimento completo só está previsto para o primeiro semestre de 2025, devido à produção limitada tanto no mercado nacional quanto internacional.
Quanto à vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, o Ministério informou que a distribuição está sendo contingenciada devido a problemas na entrega e liberação pelo laboratório produtor. Uma compra emergencial foi feita via OPAS, com previsão de normalização até dezembro de 2024.
Diante da situação, o Ministério da Saúde recomenda que, “assim que os estoques forem restabelecidos, seja realizado um resgate dos não vacinados e daqueles com esquema vacinal incompleto, para garantir a continuidade da imunização”.
“Ressalta-se que as vacinas são algumas das moléculas mais complexas já inventadas, e os sistemas que as implantam, monitoram e financiam são igualmente complexos. Os aspectos produtivos e logísticos de vacinas são compostos por diversos desafios que se tornam ainda maiores em um Programa de Imunização tão grande quanto o do Brasil”, completa a nota.
Com informações O TempoFoto: Espacial FM
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