15/10/2024 às 10:19h
Estudo conduzido na Universidade de São Paulo (USP) com 227 voluntários avaliou a eficácia de duas abordagens distintas de psicoterapia no tratamento da insônia. Os resultados, divulgados no Journal of Consulting and Clinical Psychology, indicam que a chamada Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), cujo foco está em trabalhar comportamentos e pensamentos relacionados ao sono, apresentou efeitos mais rápidos. Já a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), que visa ampliar a flexibilidade psicológica do indivíduo, teve efeitos melhores depois de alguns meses de tratamento, mesmo na ausência de orientações específicas sobre o sono.
“Trata-se de uma ótima notícia para os insones. Já se sabia que a TCC é eficaz para o tratamento da insônia, oferecendo ótimos resultados. Nosso trabalho, no entanto, é o primeiro a avaliar, em um número grande de participantes, as respostas da ACT e compará-las com as da TCC e com a ausência de tratamento. Isso é importante, pois nem todos os pacientes conseguem melhorar com a TCC”, conta a pesquisadora Renatha El-rafihi Ferreira, professora do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP e primeira autora do artigo.
Estima-se que uma em cada quatro pessoas no mundo sofra com sintomas de insônia. Na maioria dos casos eles têm curta duração e são provocados por questões pontuais, como estresse ou doença. Já a insônia crônica atinge 10% da população. Esse índice inclui indivíduos com dificuldade para adormecer ou para permanecer dormindo, bem como aqueles que acordam antes do tempo desejado pelo menos três vezes por semana, ao longo de três meses ou mais.
Na pesquisa financiada pela Fapesp, os 227 participantes diagnosticados com insônia foram divididos em três grupos. Um deles realizou sessões coletivas de TCC, o outro de ACT e o terceiro ficou em uma suposta lista de espera e não fez nenhuma terapia. O objetivo foi comparar as três situações no fim do período de seis semanas. As avaliações e intervenções do ensaio clínico foram todas conduzidas on-line.
Desse modo, uma pessoa com uma higiene do sono muito ruim, por exemplo – que não faz atividade física, chega tarde em casa, tem pouco espaço na rotina para o sono e para cuidar de si próprio –, na TCC vai seguir recomendações para cuidar dessa rotina a partir de técnicas comportamentais e mudanças de crenças (entendimentos que o indivíduo tem sobre si mesmo, o mundo e os outros). Já na ACT o foco seria entender a função de manter determinado comportamento ou estilo de vida que faz com que o paciente tenha hábitos prejudiciais para o sono.
Renatha explica que a ACT visa desenvolver a flexibilidade do indivíduo, aumentando a capacidade de se contatar com o presente (inclusive por meio de mindfulness).
“Dessa forma, o paciente primeiro vai aprender a aceitar a dificuldade de sono para só então se comprometer a resolvê-la. A insônia é um problema que afeta a vida do indivíduo em vários sentidos, fazendo com que ele foque muito mais na sua dificuldade e ignore vários outros aspectos da vida. Ao mudar o foco das queixas para a aceitação de sentimentos e pensamentos associados ao problema, a ACT pode ser uma boa opção para o tratamento”, explica.
Com informações Hoje em DiaFoto: Espacial FM
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