18/05/2023 às 10:15h
O estudo mineiro que ganhou destaque internacional ao identificar medicamentos que auxiliam na redução de mortes e hospitalizações por covid-19, ainda em 2020, antes de todo o mundo, é finalista do Prêmio Euro Inovação na Saúde. Concorrendo com pesquisas de 17 países da América Latina, se o projeto Together, como é chamado o estudo, ganhar, o prêmio que pode chegar a 1 milhão e 50 mil euros será investido em replicar a metodologia pioneira em um projeto contra a fome em Minas Gerais. A categoria médica pode optar pelo Together em votação aberta até 28 de junho.
O diferencial do projeto foi realizar um estudo inovador, com qualidade e embasamento científico, imediatamente após os primeiros casos de covid no Brasil. “Era uma doença totalmente nova. Normalmente, pesquisas assim levam tempo, são projetos longos. Resolvemos, então, fazer diferente para que desse tempo de ajudar à população. Fizemos o que chamamos de estudo adaptativo. Ao invés de focar em um medicamento, estudamos a doença”, explica Gilmar Reis, principal pesquisador do Together.
A equipe esteve em mais de 30 municípios de Minas Gerais, iniciando o estudo dentro de Pronto-Socorros do Sistema Único de Saúde (SUS). Com cerca de 30 mil pessoas voluntárias que apresentaram síndrome gripal leve ao longo dos últimos três anos, foi possível testar diversos medicamentos que provaram auxiliar ou piorar a covid-19.
“Funciona da seguinte forma: a pessoa, se sentindo doente, procura um pronto-atendimento. A unidade de saúde oferece a assistência e dá alta, uma vez que se trata de um quadro leve da doença. Com o resultado positivo para covid-19, essa pessoa é convidada a participar do Together. Nós a acompanhamos por cerca de dois meses por visitas domiciliares, ligações telefônicas, orientações de uso dos medicamentos”, descreve Reis, reforçando que foram seguidos critérios rígidos de participação.
Com a metodologia, aplicada pela primeira vez no país, foi possível abordar diferentes tratamentos em um curto período de tempo. O estudo Together virou manchete em notórios jornais internacionais ao provar a ineficiência da ivermectina, em março de 2022. “Poucos dias depois do início do tratamento com ivermectina, voluntários apresentaram piora da doença”, afirma Gilmar Reis, que também é professor e pesquisador na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (Puc-Minas) e na McMaster University, do Canadá.
Fonte: O Tempo
Foto: AdobeStock
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